Estamos falando de um preconceito, ojeriza, repulsa a uma pessoa por causa da idade. Não só engloba a pessoa idosa, mas principalmente essa; mas pode ser contra jovens. Há tempos estamos tratando da proteção à pessoa idosa, contra os preconceitos, por sua saúde e segurança. E nesse vendaval de temas, notamos o aumento do idadismo.
Depois do debate entre Trump X Biden me chocou a forma como a “melhor” mídia tratou o desempenho de Biden. Passou o tempo todo vinculando uma possível “doença” à idade de Biden.
Felizmente, pudemos ler artigo de Karen Farias – https://sler.com.br/o-idadismo-contra-joe-biden/ – uma reflexão madura, segura e justa sobre o tema. Acho que todos ganhariam em ler o seu artigo, pois ela é uma especialista e estudiosa.
Karen nos cutuca, perguntando: até que ponto são legítimas as dúvidas com relação a Joe Biden? O presidente norte-americano tem deixado claro que vai concorrer, só não o fará, se houver algum indicativo médico ou pesquisas que possam indicar um desastre.
Pela importância do cargo, da posição dos EUA no mundo, não me parece ser o presidente Biden um irresponsável. Não é senil de não saber em que peleia está se metendo contra o Trump.
Aqui, temos um problema político em que em muitos espaços de poder não há renovação. Olhando para o quadro de nosso país, vemos que a maior parte dos partidos se renova pouco.
Além disso, a idade não é um termômetro para medir o desempenho de um governante. O nosso presidente Lula, com 78 anos, apresenta um “pique” que faz inveja a jovens pretendentes a cargos eletivos.
Ninguém concorda com a fala do senador daqui dos pampas que não apareceu na catástrofe porque seria um senhor de 70 anos. Quem se cuidou minimamente e que tem entre 65 e 75 anos está em plena atividade física e mental.
O governador Olívio Dutra que tem mais idade que Biden faz roteiros, visitas, fala com plateias em andanças pelo Rio Grande do Sul, apoiando candidatos do seu partido, o PT.
Alceu Collares, 96 anos, acaba de assinar um documento político importante de disputa em torno dos problemas atuais, como recebeu em sua casa todos os ex-governadores para uma charla.
No mundo líquido em que vivemos, no qual contam os lucros, dividendos das megacorporações, a vida se desmancha no ar, antes do sopro final, por um comportamento cultural amoral, desprezo às pessoas idosas, na qual Biden é só mais uma vítima, esta notável.
Na mídia não vi nem li nada que questionasse este alarde, vinculam todos os dias sua idade a problemas de saúde, como se a pessoa idosa necessariamente fosse de uma decrepitude ambulante.
Que os netos, os filhos, os parentes e amigos tenham comportamentos amorais em relação a seus idosos está na conta de uma luta em sentido contrário que estamos travando. A grande mídia não achou algum editor consciente para algum contraponto, isso é duro de aguentar.
Repito aqui, com as palavras de Karen Farias, para encerrar:
“O que me causa um tremendo desconforto é a afirmação de que uma eventual condição de demência do Joe Biden é por conta da velhice, porque velhice seria sinônimo de debilidade, fraqueza, adoecimento. Essa associação é idadista, pois conecta uma situação de saúde à idade de maneira altamente negativa, preconceituosa.”
Tudo indica que Biden é mais uma vítima do idadismo!
Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito, vereador de Porto Alegre.
Originalmente publicado em https://adelisell.com.br/artigo/217-idadismo