Quem somos

Somos uma sociedade excludente. Excluímos por etnia, por gênero, por condição econômica e social e pela fase do ciclo de vida: por ser jovem ou por ser idoso, dentre outras formas de exclusão.

Somos, também, uma sociedade preconceituosa, que aprendeu, por centenas de anos, a ter sentimentos negativos contra grupos sociais historicamente minoritários e socialmente vulneráveis.

E somos, para culminar, uma sociedade que pratica a discriminação em todos os âmbitos sociais: na família, na escola, no trabalho, na cidade e até nas ações governamentais.

O Movimento por uma Sociedade Sem Idadismo tem por objetivo romper com o ciclo da exclusão, que começa com a formação dos estereótipos, pela educação familiar e escolar ainda na infância e juventude; evolui para a internalização de sentimentos que contribuem para o afastamento dos grupos contra os quais os estereótipos foram formados. Por fim, romper com a discriminação, que são ações, práticas ou políticas que acabam por impor desvantagens sociais – limitações ao exercício de direitos, tais como moradia digna, acesso à saúde, trabalho e segurança, por exemplo – para os grupos contra os quais o preconceito se desenvolve.

Em 2075 as pessoas idosas representarão, no Brasil, mais de 40% da população. Os atuais jovens de 20 anos serão os idosos de 2075. Serão esses 40%. Não temos 50 anos para mudar a cultura do idadismo. Os de 30, 40 e 50 anos já serão idosos bem antes disso. Urge começar agora.

O MSI se insere na Década do Envelhecimento Saudável: 2021 – 2030, instituída pela Organização das Nações Unidas – ONU em 2020 e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS, em especial o Objetivo 10: Redução das Desigualdades, “10.2 Até 2030, empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independente de idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra.

Um movimento. Um conjunto. Pessoas que acreditam que é possível romper com a cultura do idadismo. Que lutam pela proteção dos idosos, mas que também entendem a necessidade de desenvolver ações de conscientização dos jovens; que lutam para mudar a cultura institucional – pública e privada – e social da discriminação.

Somos todos: jovens, adultos e pessoas idosas. Sem classes, sem etnias, sem gêneros. Somos instituições, comunidades.

Um conjunto, Um movimento.

  • aumentar conscientização sobre a natureza, a escala, o impacto e os fatores determinantes do idadismo dirigidos tanto aos mais jovens como as pessoas idosas;
  • chamar a atenção para a necessidade de prevenir o idadismo, promover e proteger a plena efetivação dos direitos humanos para todas as pessoas, e apresentar estratégias de intervenção eficazes;
  • atuar em favor da adoção de medidas em todos os setores e por todos os interessados diretos;
  • desenvolver uma rede integrada de pessoas e instituições que atuam na proteção dos idosos e no desenvolvimento dos jovens.
  • Desenvolver a colaboração e a comunicação entre as diferentes partes interessadas envolvidas no combate ao idadismo.
  1. Combate ao ESTEREÓTIPO, ao PRECONCEITO E à DISCRIMINAÇÃO
Imagem: Relatório Mundial Sobre o Idadismo

Desenvolver ações e práticas com o objetivo de combater as três dimensões do idadismo.

As dimensões formam, na realidade, um ciclo que se autoalimenta: crianças crescem vendo idosos serem discriminados; a partir daí desenvolvem suas ideias e pensamentos, os estereótipos. Daí para começarem a praticar a discriminação “é um pulo”. Depois se casam, têm filhos e seus filhos crescem vendo os pais discriminarem. É um ciclo sem fim. Para romper é preciso atuar na formação dos estereótipos, para evitar que cheguem na fase adulta com os preconceitos internalizados.

Na dimensão da formação dos estereótipos, atuar na educação desde a tenra idade, com programas voltados para as escolas, comunidades e mídia, com o objetivo de criar uma nova forma de pensar sobre a inserção dos jovens e idosos na sociedade.

Na dimensão do preconceito, desenvolver projetos que permitam o compartilhamento de espaços, vivências e trocas de experiências entre jovens e idosos. Afetos resultam – ou são criados – pela convivência, pelo ver e poder sentir o outro. Atuar, também, no combate ao preconceito entre os já adultos, para que não cheguem ao estágio da discriminação.

Na dimensão da discriminação, atuar junto aos órgãos públicos para que as leis sejam efetivamente cumpridas e fazer campanhas amplas de divulgação de casos de discriminação contra jovens e idosos que tenham resultado em condenações.

  1. Combate ao idadismo INSTITUCIONAL, INTERPESSOAL e CONTRA SI PRÓPRIO

Três são as formas de manifestação do idadismo:

  • Institucional, que “se refere às leis, regras, normas sociais, políticas e práticas institucionais que restringem injustamente as oportunidades e prejudicam sistematicamente indivíduos em função da idade deles”;
  • Interpessoal, que “surge em interações entre dois ou mais indivíduos”;
  • Contra si próprio, que “ocorre quando o idadismo é internalizado pela pessoa e usado contra ela mesma”, talvez a situação mais grave, no caso dos idosos, considerando que é desenvolvido ao longo dos muitos anos de vida e que, em geral, são pessoas em alguma situação de vulnerabilidade.
  1. Desenvolver ações e práticas que efetivamente causem mudanças na sociedade e alavanquem o combate ao idadismo.

O Relatório Mundial sobre o Idadismo, como documento da Campanha Mundial de Combate ao Idadismo, sugere três recomendações de ações, sendo a terceira:

Recomendação 3: Construir um movimento para mudar o discurso em torno da idade e do envelhecimento. Todos nós temos um papel a desempenhar no desafio e na eliminação do idadismo. Governos, organizações da sociedade civil, agências da ONU, organizações para o desenvolvimento, instituições acadêmicas e de pesquisa, empresas e pessoas de todas as idades podem se juntar ao movimento para reduzir o idadismo. Se unindo uns aos outros como uma ampla coalizão, podemos melhorar a colaboração e a comunicação entre as diferentes partes interessadas envolvidas no combate ao idadismo.”

O Movimento por uma Sociedade Sem Idadismo nasce para fomentar essa coalizão e ações a serem desenvolvidas terão esse princípio como norte: melhorar a colaboração e a comunicação para o combate ao idadismo.

[1] Adaptado do Relatório Mundial Sobre o Idadismo – Campanha Mundial Contra o Idadismo. Organização Pan-Americana da Saúde, 2022.

Luiz Afonso Alencastre Escosteguy

Julho / 2024

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